Tu-142: escolha racional pela modernização

Publicado em: 12/04/2015

Categoria: NOTÍCIAS

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O anúncio recente da opção do Ministério de Defesa da Federação Russa em optar por modernizar células do reconhecedor de longo alcance Tu-142 não surpreende, dado as características únicas deste fabuloso turboélice. Variante naval de reconhecimento e combate do vetor Tu-95, é uma silhueta inconfundível da Guerra Fria, um projeto aeronáutico   incontornável que tal como o seu rival norte – americano, B-52, não consegue encontrar um substituto a sua altura.

O Tu-142 ganhou variantes, que vão desde aperfeiçoamentos a aeronaves para testes de propulsores. As variantes são: Tu-142 (variante inicial), Tu-142M, Tu-142MK, Tu-142MK-E, Tu-142MZ, Tu-142MZ-K, Tu-142MP, Tu-142MR, Tu-142LL. A variante em uso e que deverá ter cerca de 20 células selecionadas para modernização é a MZ, conhecida como “Bear F” pelo catálogo da OTAN. Dotada de propulsores NK-12MP,  teve a sua cadência de produção encerrada em 1994.

Tu-142 MZ. Código OTAN: Bear-F. Foto: internet

Tu-142 MZ. Código OTAN: Bear-F.
Foto: internet

A planta encarregada do recebimento, revisão e modernização das células escolhidas é a de Taganrogsky, e os sistemas implantados deverão englobar a radio – navegação (sistemas de navegação), detecção, incluindo novos radares e sensores passivos, termais e sonoros  (ASW), sistemas de combate (sistemas de armas). O Centro de Pesquisas Zaslon deverá implementar a modernização dos aviônicos.  O tempo para execução total do programa é estimado em cinco anos, ou seja, com término projetado para 2020.

O anúncio pela opção de modernização foi recebido com desdém por alguns editorialistas, que entenderam no anúncio uma falta de fundos do Kremlin, isto devido a recusa de se adotar uma plataforma à reação, opção das nações ocidentais. Todavia, um olhar especializado de fronte notaria que a escolha russa foi natural, racional, dado o fato de que a Rússia detém o ferramental, a linha de montagem final e as facilidades de manutenção da célula, dos motores e de todos os sistemas embarcados, aliado ao fato indiscutível de que não existe no mercado vetor algum que se compare ao Tu-142 em termos de capacidade. Para se ter uma ideia, em 10 de outubro de 1977, um submarino nuclear norte – americano foi detectado e rastreado por um esquadrão de Tu-142, estando uma das aeronaves em contato contínuo por 4 horas e cinco minutos. E isto se deu simplesmente no… Mar das Filipinas!  Realmente, um raio de combate de 6.500 km é certamente apreciável, bem como a capacidade de permanecer on station por 10 horas.

Guerra Fria: F-14 intercepta um Tu-142. Foto: internet

Guerra Fria: F-14 intercepta um Tu-142.
Foto: internet

Além da resistência, persistência em combate derivado da extensa autonomia de voo, o Tu-142 é uma célula capaz de transportar uma grande carga ofensiva e sensores. Usualmente, sua carga de combate se reflete em 126 sonobóias e 12 torpedos ASW. As sonobóias, ou “balizas acústicas” em geral embarcadas são dos modelos RGB-15/25/55A e 75, enquanto os torpedos ASW são os APR -2 e APR-3 (APR-3E), além do torpedo UMGT-1. O UMGT-1 é um torpedo leve ASW clássico nas armas russas, possui um alcance de 8 km, velocidade de 41 nós, cabeça de guerra de 60 kg e um sonar acústico dual, passivo/ativo com alcance de 1,5 km. Já a família APR, cujo o último expoente é o APR-3E é uma arma excepcional, que exibe como usuários a China e a Federação Russa. Trata-se de um torpedo com propulsão de jato de água, que se dá por meio da inflamação de um propelente sólido. Desta maneira, após localizar o alvo pelo sonar passivo, durante a realização da espiral de busca que se dá por gravidade, o torpedo inflama o seu motor e alcança a velocidade de 65 nós, minimizando desta maneira a possibilidade de evasão do alvo, dado que o impacto deve se dar em um tempo mínimo, situado entre 60 e 120 segundos. O motor tem assegurado o funcionamento por 113 segundos.

O Tu-142 exibe como usuários, atualmente, duas nações: a Federação Russa e a Índia. Esta última é proprietária de 8 vetores Tu-142 MK-E. A Índia anunciou a intenção de armar os seus vetores de longo alcance, Tu-142, como lançadores do míssil anti – navio Brahmos (290 km de alcance, velocidade March 2,7).

Tu-142 decolando em um momento de rara felicidade para o fotógrafo. Foto: internet

Tu-142 decolando em um momento de rara felicidade para o fotógrafo.
Foto: internet

Percebe-se, portanto, que a modernização das células do Tu-142 MZ segue uma ordem natural, dado as qualidades inerentes da aeronave. O grande problema aparecerá quando a substituição destas células se fizer imperiosa: aceitar a substituição por outro vetor com menor capacidade, conceber do zero uma aeronave com capacidades superiores, ou reabrir a linha de montagem de um vetor cujo projeto remonta à metade do século anterior?
Uma pergunta que só poderá ser respondida adiante. Muito adiante.

Características técnicas
Tripulação:  até 13 tripulantes.
Comprimento: 53,08 metros.
Envergadura: 50 metros.
Área alar: 311,10 m².
Peso vazio: 90.000 Kg.
Peso máximo (decolagem): 185.000 kg.
Grupo propulsor: 4 motores turboélices Kuznetsov NK-12MP.
Por unidade 11.033 kW (14.795 shp).
Velocidade máxima: 925 km/h.
Velocidade de cruzeiro: 711 km/h.
Teto de serviço: 12.000 metros.
Raio de combate: 6.500 km.
Tempo de permanência em estação de combate: 10 horas.

Portal Defesa

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