Aviação do Exército realiza adestramento de incursão aeromóvel em MS

Publicado em: 19/10/2015

Categoria: DESTAQUES

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De Campo Grande – MS

Durante os dias 23, 24 e 25 de setembro, os municípios de Coxim e Pedro Gomes, localizados ao norte do estado de Mato Grosso do Sul, foram palco de um cenário de conflito fictício. Através de adestramento de incursão aeromóvel, o Comando Militar do Oeste (CMO) pode aprimorar, por meio de uma Força Tarefa, o treinamento operacional da Aviação e Batalhão de Infantaria Aeromóvel subordinada ao seu Comando. O 3º Batalhão de Aviação do Exército (3º BAvEx), localizado em Campo Grande, e Quadragésimo Sétimo Batalhão de Infantaria (47º BI), lotado na cidade de Coxim distante a 255 km da Capital. Nessa operação, o CMO contou ainda com o apoio de aeronaves e tripulações do 2º Batalhão de Aviação do Exército (2º BAvEx) de Taubaté-SP, cidade sede da Aviação do Exército Brasileiro. Para a realização do adestramento foram deslocadas para Coxim quatro aeronaves de transporte HM-1 Pantera (AS 365 K), sendo duas de cada Batalhão. Os helicópteros partiram do 3º BAvEx.

INCURSÃO E ASSALTO AEROMÓVEL

Segundo a definição contida no manual do Exército Brasileiro CI 90 – 1/1:

“O assalto aeromóvel é a ação de combate na qual uma força de helicópteros, integrada à Infantaria Leve, compõe uma força tarefa aeromóvel (FT Amv) e sob o comando desta última (força de superfície), tem por objetivo deslocar tropas adestradas e equipadas, visando a conquista de regiões do terreno e/ou destruição de forças ou instalações inimigas. A Infantaria L (Amv) realiza o Assalto Amv em áreas fracamente defendidas ou não defendidas pelo inimigo. Em princípio, o Assalto Amv deve ocorrer em um objetivo à retaguarda deste e dentro do alcance de utilização da Artilharia do Escalão Superior. Destina-se à conquista e manutenção de acidentes capitais onde o inimigo encontra-se vulnerável e considerados de vital importância para a manobra do Escalão superior.”

O assalto aeromóvel vem sendo empregado em crescente escala pelos principais exércitos do mundo desde a segunda metade do século XX, nos variados tipos de terreno, incluindo selvas, montanhas, desertos e savanas. Sua primeira utilização deu-se na Guerra da Argélia, pela França, nos anos de 1960, seguido de sua participação mais icônica na Guerra do Vietnam, pelo exército dos Estados Unidos na metade dos anos 60 e início dos 70, passando ainda pelas guerras árabe-israelense, Oriente Médio, África, Malvinas, Guerra do Golfo (1991), Afeganistão (1980 e 2002) e Iraque (2003). O Exército Brasileiro sempre buscou esta capacidade aeromóvel desde a reativação de sua aviação em 1986 e hoje ela está consolidada dentro da Força.

O que difere o assalto da incursão aeromóvel é que esta tem o efetivo máximo de uma companhia e envolve necessariamente um plano de exfiltração (não necessariamente aeromóvel). O assalto não tem exfiltração e a tropa permanece no terreno até a junção ou ultrapassagem por outra tropa. Na concepção atual, um BAvEx (Batalhão de Aviação do Exército) tem que transportar o escalão de assalto de um BIL (Batalhão de Infantaria Leve), ou seja, duas companhias de fuzileiros. Cada Esquadrilha de Helicópteros de Emprego Geral tem que transportar uma companhia. Assim, o número de helicópteros vai depender do modelo da aeronave.” (http://sistemasdearmas.com.br/ter/teamv.html).

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Deslocamento inicial dos HM-1 Pantera do 2º e 3º BAvEx ‘s saindo de Campo Grande com destino a Coxim- MS: Fotos – Gerson Victorio

UNIDADES PARTICIPANTES

47º Batalhão de Infantaria.

“O Guerreiro Pantaneiro” está localizado no município de Coxim – MS, as margens do Rio Taquari. Sua criação deu-se em 7 de novembro de 1975, sendo efetivamente implantado em 1º de janeiro 1976. Seu núcleo formador foi a 3ª Cia de Fuz do 42º Batalhão de Infantaria Motorizado, sediado então em Goiânia-GO. Atualmente, está subordinado a 18ª Brigada de Infantaria de Fronteira (Corumbá – MS), sob comando do CMO (Campo Grande), Comando Militar de Área da região oeste. Em julho de 2000 recebeu a designação de Força de Ação Rápida, passando a fazer parte do seleto grupo de Unidades do Exército Brasileiro para as quais é atribuída a mais alta prioridade, em face da necessidade de estarem prontas para o emprego em qualquer parte da área de responsabilidade dos Comandos Militares de Área a que pertencem. Seu Comandante atual é o Ten Cel Inf Alexandre Cavalcanti Guimarães. A Unidade participou da MINUSTAH (Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti) no Haiti, em 2006 e em 2010.

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Esquadrilha de HM-1 em procedimento de pouso no 47º BI em Coxim: Fotos – Gerson Victorio

2º Batalhão de Aviação do Exército

O “Batalhão Guerreiro”, criado em 17 de agosto de 1993, iniciou suas atividades em 10 de fevereiro de 1994 na cidade Taubaté, interior do Estado de SP, berço da Aviação do Exército, reativada em 1986. Comemora seu aniversário em 14 de março, data em que cumpriu a sua primeira missão aérea operacional. Seu Comandante atual é o Cel Fabio Serpa de Carvalho Lima e tem em sua dotação as seguintes aeronaves: HM-1 Pantera(AS 365 K e K2), helicóptero médio de transporte e emprego geral, sendo modernizado atualmente; e HM-3 Cougar (AS 532 UE), helicóptero médio de transporte de pessoal categoria nove toneladas. O 2º BAvEx tem uma longo histórico de missões realizadas dentro da Aviação do Exército.

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Bolacha comemorativa dos 20 anos de existência do Batalhão; HM-1 do 2º BAvEx em atuação: Fotos – Gerson Victorio

3º Batalhão de Aviação do Exército

O “Batalhão Pantera”, foi criado em 17 de agosto de 1993 em Taubaté – SP onde permaneceu até 2008. Em 25 de abril de 2008, através da portaria 268, foi transferido para Campo Grande, atual sede, ficando subordinado ao Comando Militar do Oeste. Em fevereiro de 2009, iniciou-se efetivamente a transferência do Batalhão, com a ativação de um Destacamento em área próxima ao Aeroporto Internacional de Campo Grande. Atualmente, possui no local, toda infraestrutura completa, com hangar amplo, pátio de estacionamento, prédio do Comando e das subunidades. Seu comandante atual é o Ten Cel Emerson Alexandre Januário e tem em sua dotação as seguintes aeronaves: HA-1 Fennec (AS 550 A2), helicóptero leve de reconhecimento e ataque; HM-1 Pantera(AS 365 K ), helicóptero médio de transporte e emprego geral.

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Decolagem dos HM-1 na sede do 3º BAvEx  para Coxim; Hangar e pátio operacional;  HM-1 se aproxima para o pouso: Fotos – Gerson Victorio

INCURSÃO

Antes dos preparativos para incursão aeromóvel, uma reunião (briefing) foi realizada no 47º BI em Coxim com os Cmt das Unidades militares participantes. Aberta pelo comandante da Unidade, Ten Cel Inf Alexandre Cavalcanti Guimarães, foram abordadas as missões e ações táticas a serem desenvolvidas. Aspectos de segurança de voo, navegação, meteorologia e comunicações também foram abordadas pelo pessoal responsável.

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Embarque das tropas no Aeródromo de Coxim próximo ao 47º BI: Foto – Gerson Victorio

Os quatro HM-1 que estavam no 47º BI se deslocaram até o aeródromo do município de Coxim, distante poucos quilômetros dali. O aeródromo possui uma pista de asfalto com cerca de mil metros e o local foi escolhido para o embarque das tropas que chegaram em caminhões QT (Qualquer Terreno). Para o adestramento, os HM-1 foram reabastecidos antes por caminhão cisterna com querosene de aviação do próprio Exército.

Os helicópteros foram acionados sob ordem do Comandante de Pelotão, Cap Rafael Seidy Mille Takemoto. Toda manobra foi cronometrada em horários pré-definidos no Briefing. A navegação e posicionamento das aeronaves na formação também foram estabelecidas.

Após a decolagem do aeródromo, o Pelotão seguiu a rota passando por pontos definidos de navegação (Pontos de Controle). A formação tática das aeronaves foi em “Coluna Tática”, uma característica da Aviação do Exército. O último terço da navegação foi realizado em voo desenfiado, os helicópteros realizaram o voo a baixa altura, a poucos metros do terreno, contornando a topografia da região para manter a discrição visual da Esquadrilha na chegada à ZD(Zona de Desembarque), o que exigiu grande perícia das tripulações.

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Quatro HM-1 em formação “Coluna Tática” já próxima à  Zona de Desembarque: Foto – Gerson Victorio

Nesse perfil de voo, a assinatura acústica das aeronaves é minimizada, só se revelando muito próximo ao local de pouso, dificulta-se a detecção por radar hostil que esteja realizando uma varredura na área.  A ZD ficava em uma fazenda na zona rural da cidade de Pedro Gomes.

INFILTRAÇÃO AEROMÓVEL

A inserção de tropas no terreno, ou infiltração, ocorreu em duas levas, em ambas, a ação durou poucos minutos. Os helicópteros, ao saírem da formação tática, realizaram o pouso com as aeronaves perfiladas lateralmente. Em combate real, o pelotão pode manter o voo tático extremamente baixo próximo a ZD, assumindo uma formação com as aeronaves em paralelo, ultrapassando, no último instante, obstáculos como árvores que camuflam a visada da Esquadrilha na área antes do pouso.

O Grupo de Combate (GC) embarcado, formado por 6 militares, era liberado de cada aeronave à medida que os helicópteros pousavam em movimento coordenado, os Grupos assumiam, então, uma posição tática à frente das aeronaves em uma formação cerrada, para proteção do perímetro.

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 Desembarque da tropa ocorre rapidamente após o pouso, ocorrendo o reagrupamento em posição de combate: Fotos – Gerson Victorio

EXFILTRAÇÃO AEROMÓVEL

Após o desembarque das tropas e seu posicionamento tático no terreno, as aeronaves foram preparadas para levar da ZD a primeira leva de contingente que voltaria para o aeródromo, como simulação de exfiltração aeromóvel. Exfiltração aeromóvel é a manobra de retirada de tropas do terreno por meio de helicópteros. Em geral, a exfiltração aeromóvel acontece para retirada de tropas que já haviam sido infiltradas anteriormente. Neste caso, aproveitou-se a mesma incursão para a realização da manobra.

pantera pouso desembarque HM-1 decolagem pantera passagem tropa

Equipe SAR

Importante destacar o trabalho da Equipe SAR (Search and Rescue), fração orgânica dos BAvEx’s, formada por militares que possuem cursos e treinamento de busca e resgate, responsável por resgatar tripulações da Aviação do Exército em caso de acidente. Outra atribuição é a avaliação de segurança e das condições do terreno nas Zonas de Desembarque(ZD) e de sua aprovação ou descarte antes do início das operações. ZD é o local onde é realizado o pouso dos helicópteros e embarque/desembarque das tropas.

A Equipe SAR fez as marcações no terreno sinalizando com bandeiras vermelhas (aqui aproveitaram a cerca próxima) e faixas brancas delineando o local de pouso no solo para cada helicóptero. Também realizaram o balizamento das aeronaves durante aproximação e pouso.

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Equipe “SAR” faz marcações no solo e  balizam o pouso dos helicópteros na Zona de Desembarque: Fotos – Gerson Victorio

Agradecimentos:

O Portal Defesa agradece ao Exército Brasileiro, em especial ao Ten Cel  Emerson Alexandre Januário, Comandante do 3º BAvEx pela oportunidade dada, ótima acolhida e total colaboração. Ao Ten Cel  Alexandre Cavalcanti Guimarães, Comandante do 47º BI em Coxim – MS, pela ótima acolhida naquela unidade. Ao 1º Ten Dalla Vecchia, OCS do BAvEx, por todo apoio e informações fornecidas. Ao Sgt  Andre Souza, Responsável pela Equipe SAR.

7 Responses to Aviação do Exército realiza adestramento de incursão aeromóvel em MS

  1. Vinícius Vaz disse:

    Ótima matéria, incríveis fotos.

  2. Leonardo Andrade disse:

    Mais uma matéria rica em detalhes no que diz respeito a operação realizada e também muito esclarecedora quanto ao padrão de emprego da infantaria aeromóvel.

  3. Wellington Góes disse:

    Parabéns pelo trabalho, meu amigo!!!

  4. lucaslasota disse:

    Bela matéria, muito obrigado!

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