Batalhão se amotina em Kiev

Por:  César A. Ferreira

Enquanto as tropas enviadas pelo Governo da Ucrânia começam a fechar o cerco em torno da Cidade de Donestsk, com pesado uso de artilharia e apoio de colunas blindadas, bem como de formações de carro de combate (T-64 e T-84), soldados sobreviventes do chamado “Caldeirão Sul”, cerco colocado a termo no último dia 08.08.2014, por parte dos guerrilheiros federalistas, se recusam a voltar junto com outras guarnições para frente de combate.

Segundo o veículo de mídia Z-City, o fato se deu na capital, Kiev, e envolve o 2° Batalhão da 24ª Brigada Mecanizada, sediada na região de Lviv (Lvov – Galícia, oeste da Ucrânia). Cerca de 450 combatentes que compõem o citado batalhão se recusaram perante ao comando embarcar nas composições férreas que os levariam para a cidade de Chuguyiv (região de Kharkiv – leste da Ucrânia) quando deveriam estar de retorno em licença, ou baixa do serviço junto ao distrito do seu aquartelamento, próximo a Yavorov (região de Lviv).

 

 Soldados do 2º Batalhão da 24ª Brigada Motorizadas amotinados na estação ferroviária. Foto: Anna Ablitsova.

 

Os militares amotinados, algo que o próprio comandante Major – General Sergey Naev reconhece, estão “exaustos e a beira de um colapso nervos”. Alega o Major – General que os soldados deverão ganhar uma licença no seu destino, e que isso será monitorado por representantes da “Euromaidan”, todavia essa exortação não encontrou eco e apenas uma pequena parte enbarcou nos vagões. Os demais ficaram na estação recusando embarque em qualquer transporte, isto enquanto se aguardava a chegada de ativistas para acompanhar a presente situação.

Não é por menos que acontece este motim, pois segundo relato destes combatentes, estiveram eles por 52 dias em combate, com a queixa de terem sido “abandonados pelo comando”, dado que ficaram sem suprimentos (ração, combustível e munição), e desprovidos de equipamentos defensivos individuais, na forma de coletes balísticos, que só forem entregues do dia 20 último (e insuficientes para equipar o batalhão em sua totalidade). A 24ª Brigada Motorizada Foi bastante castigada na “Operação Anti – Terrorista” (OAT, ATO nos informes de língua inglesa).

 

 Major – General Sergey Naev. Foto: Anna Ablitsova.

 

Desconfiados da oficialidade os amotinados receberam entretanto, a solidariedade do comandante do 4° Batalhão, Companhia “Dnpr”, que declarou: “Nos reunimos com parte dos soldados do 24º que saíram de Zelenopolya e posso dizer apenas uma coisa: são heróis. Eles , na melhor das hipóteses, falaram sobre o que está acontecendo, sobre o comportamento do comando, como são, literalmente… Descreveram quantos ataques experimentaram. Deles recebemos a conformação de constantemente se substimar o número de baixas do nosso lado. Um dos homens disse que seve no exército há 10 anos e não consegue entender por que foram deixados para trás e isolados por tanto tempo. Quando saíram de Zelenopolya foram alvos de tiros”. (Alvejados pelas tropas ucranianas após rendição negociada com os guerrilheiros federalistas).

 Pode-se dizer que a declaração pública do comandante solidário (Companhia “Dnpr”, 4° Batalhão) é grave; gravidade esta que consiste não só no teor revelado, a existência de um comando inepto, bem como pela própria revelação em si. Isto, sem falar na solidariedade pública para com os combatentes amotinados. Percebe-se, portanto, que as formações de combate do Exército da Ucrânia sofrem com falta de disciplina e comando.

 

Caldeirão Sul

O nome de “Cadeirão Sul” é dado para o cerco das formações ucranianas por parte da guerrilha federalista, que impôs baixas entre mortos e feridos da ordem de 3.500 combatentes. Foram fustigadas com fogo de morteiros e de lança – foguetes “grad” as seguintes formações: 24ª Brigada Mecanizada, 72ª Brigada Mecanizada e a 79ª Brigada Aeromóvel. Destas formações houve a fuga de aproximadamente 400 combatentes para a Rússia, desmoralizadas e em busca de internação.

Para as forças federalistas a vitória possui um valor estratégico, pois manteve aberta a fronteira para a Rússia, além de romper um movimento amplo do Exército da Ucrânia que visava isolá-los do contato com a Federação Russa. Para tanto, os federalistas utilizaram o grosso das suas formações de combate, ainda que isso viesse a penalizar a defesa de Donestsk, o que demonstra a importância das comunicações com a Rússia para esta força guerrilheira.

 

 T-64 avariado na batalha do “Caldeirão Sul”. Foto: internet.

 Um detalhe macabro deste cerco foi o envio de uma aeronave SU-24 da Força Aérea da Ucrânia para bombardear de maneira deliberada os soldados ucranianos cercados, após ser noticiado em meios eletrônicos que as negociações para a rendição das formações cercadas haviam sido iniciadas. Em vista deste ato, os comandantes que se mantinham relutantes aceitaram os termos da rendição. Estes termos versavam sobre a entrega dos veículos das brigadas cercadas, sem que houvesse destruição das viaturas, blindados e carros de combate ainda aptos, das armas pessoais, bem como dos mercenários estrangeiros que por ventura fizessem parte das formações de combate. Em troca, por óbvio, houve a garantia da vida dos soldados.

Os troféus obtidos são os seguintes: 67 unidades apreendidas, incluindo Carros de Combate T-64, blindados BMP e BMD, obuses, lança – foguetes “Grad” e sistemas antiaéreos de modelo não divulgado. O estado é variado, que vão desde a falta de combustível e danos de pouca monta, a danos extensos que exigem reparo em fábrica.

 

Portal Defesa

1 Responses to Batalhão se amotina em Kiev

  1. Foxtroop disse:

    Dia 24, meu caro, até lá a coisa tem de estar definitavente encaminhada. Se os rebeldes conseguirem manter um impasse até lá….

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