LCS enfrenta mar revolto

Publicado em: 31/08/2016

Categoria: NOTÍCIAS

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Foto: US Navy

Do Rio de Janeiro

Quatro falhas graves em dez meses. Esse é o resumo da maré turbulenta enfrentada pela nova categoria de navios da Marinha Norte Americana, a Littoral Combat Ship (LCS).

Com apenas 7 navios comissionados divididos em duas classes, a Freedom e a Independence, o número de falhas dessa categoria tem chamado a atenção e demandado horas de analises, pesquisas, reparos e investigações dentro da força.

Em cerca de 72h dois acontecimentos agravaram o que já é chamado de “crise” pela mídia internacional, apesar aparentemente das falhas não terem relação direta entre si.

No domingo, dia 28, foi revelado que o LCS USS Freedom sofrera danos graves em um de seus motores à Diesel, a ponto do motor ter que obrigatoriamente passar por uma reconstrução ou até mesmo ser descartado.

O motivo seria um vazamento identificado no dia 11 de Julho em uma vedação da bomba de água salgada ligada ao motor número 2 da embarcação. O vazamento teria causado a contaminação do sistema de óleo lubrificante do motor com água do mar.

Mesmo após o vazamento contido, o motor não foi desligado e seguiu operando até que o navio retornasse a San Diego dois dias depois. O sistema de lubrificação teria sido descontaminado e o navio liberado para participar do exercício Rim of the Pacific, retornando dia 28 de Julho e só sendo submetido a uma análise do motor afetado no dia 3 de Agosto.

 Esse período em que o motor foi operado com óleo contaminado e depois sem uma revisão interna teria destruído partes vitais, provavelmente ao ponto além do conserto.

Agora o LCS USS Freedom ficará docado por tempo indeterminado para que o motor seja retirado para determinar se ele será reconstruído, ou descartado.

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USS Independence – Foto Defence Industry Daily

A outra notícia que contribui para a má impressão em torno dos LCS’s veio nesta terça, dia 30. O LCS USS Coronado, da Classe Independence e seu distinto desenho Trimaran, sofreu uma avaria em seu sistema de propulsão enquanto se dirigia a Cingapura para operar a partir de lá pelos próximos 16 meses.

O navio encontrava-se no meio do Oceano Pacífico, e teve que dar meia volta para Pearl Harbor, no Havaí, de onde já havia se distanciado cerca de 800 milhas náuticas. Com 70 militares a bordo, o LCS USS Coronado viaja de volta ao seu porto de origem a uma baixíssima velocidade de 10 nós.

Essas falhas se somam a outras que apesar de terem origens distintas, terminam sempre por afetar o sistema de propulsão, paralisando ou limitando muito as embarcações.

Em 10 de dezembro passado o LCS USS Milwaukee simplesmente parou em alto mar, ficando a deriva. Precisou ser rebocado para a Base Naval de Little Creek-Fort, na Virgínia, onde foi constatado que as engrenagens responsáveis pela troca da propulsão de Diesel para Turbina, haviam sido danificadas por uma serie de falhas que tiveram origem em limalhas de ferro entupindo um filtro. O navio havia sido comissionado a menos de um mês.

Porém o pior caso até então, e maior responsável pela impressão negativa que essa má fase tem causado, ocorreu com o LCS USS Forth Worth em 12 de janeiro, quando parte da tripulação falhou em seguir os procedimentos para acionar os motores a Diesel enquanto o navio se encontrava em Cingapura.

A pouca quantidade de óleo lubrificante nos sistemas dos motores causou um superaquecimento assim que eles foram ligados, o que levou a danos graves e a um custo de reparo na ordem dos incríveis US$ 23 milhões. Por conta desse incidente, o então Comandante do Navio, Cmdr. Michael L. Atwell foi afastado de seus serviços e requisitado de volta à San Diego, além do navio ter ficado parado no porto em Cingapura por longos sete meses, só voltando ao mar no último dia 22 com destino aos EUA para realizar os reparos de forma definitiva.

Adm. John Richardson, Chefe de Operações Navais, determinou uma revisão completa do programa para incorporar aprendizados oriundos das missões realizadas até então e problemas enfrentados pelos LCS’s, a fim de identificar falhas latentes e sistêmicas.

Também serão revistos o treinamento, o número das tripulações e emprego dos navios, segundo o Vice Almirante Tom Rowden.

Fato é que apesar do mal estar, as falhas não parecem ter uma mesma origem técnica, porém pode revelar falhas no planejamento da introdução dessa nova categoria de navios na frota Norte Americana que teve seu primeiro navio comissionado no fim de 2008.

Podem ser resultados de coincidências, como podem ser consequências de etapas queimadas ou prazos encurtados. Isso só a revisão do programa poderá dizer. Porém algo que se sabe é que o conceito de um navio de guerra de menor porte dedicado às operações costeiras não será abandonado.

Como o Adm. Richardson declarou, “Esses navios trazem capacidades necessárias para nossos combatentes e comandantes. Precisamos resolver esses problemas agora”.

Portal Defesa (Com informações do Defense News e CNN)

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