Por: César A. Ferreira
O mistério é um terreno próspero para especulações e não se pode dizer outra coisa sobre o Armata, também designado como T-14, o novo Carro de Combate saído das linhas de Nizhni Tagil, nos fóruns e sites do mundo. Especulação não é o mote deste espaço, Portal Defesa, que prima pela objetividade informativa, todavia, dado o frisson havido em torno deste revolucionário carro de combate este escriba resolveu abordar o assunto antes do debut oficial do mesmo, que se dará no monumental desfile das armas russas na data comemorativa da Vitória da Grande Guerra Patriótica, no próximo dia 9 de Maio.
Reunindo tudo aquilo que já se revelou sobre o T-14, Armata, pode-se dizer que este será o novo Carro de Combate das Armas da Federação Russa, que deverá equipar as formações blindadas do Exército da Federação Russa em sua totalidade, relegando aos veículos de gerações anteriores, caso do T-72 e do T-90, a condição de segundo escalão e de reserva operativa. Apresentar-se-á como um conceito novo para esta modalidade de arma, apresentando pela primeira vez uma torre totalmente automatizada, adoção pela primeira vez de um sensor ativo, no caso, um radar e de uma proposta inteiramente nova no que tange a acomodação dos tripulantes, estes isolados em uma cápsula de titânio e material composto. Dito isto podemos partir para uma análise mais apurada.
Conceito
O conceito que envolve a concepção do T-14 Armata reporta, ainda, a uma antiga dinâmica dos movimentos das formações blindadas soviéticas. Dinâmica esta que se mantém, como se pode ver recentemente em Dabatysevo, que privilegia o envolvimento rápido, a exploração profunda, bem como o flanqueamento, à ruptura por choque direto e o arrastar de um combate friccionado. Portanto, o projeto deve favorecer uma relação elevada em termos de peso/potência, aliado à grande potência de fogo e ampla resistência aos rigores do campo de batalha. Daí a abordagem tida como revolucionária: dotar o veículo com uma torre automatizada, sem presença de tripulação, todavia, dotada de sensores ativos e passivos, capaz de rápida resposta aos comandos e precisão nos disparos. Ou seja, sistema em tudo subordinado ao movimento, demanda esta advinda da doutrina de emprego, que enfatiza como peça fundamental a mobilidade.
A tripulação, isolada das partes móveis, porém próxima entre si, extremamente protegida, estará dotada de uma posição invejável no que se concerne aos Carros de Combate, alimentada por sensores que proporcionarão uma avaliação total do ambiente situacional e despreocupada quanto ao movimento mecânico da arma, da torre e da alimentação do canhão. Em suma: imersa num novo patamar em termos de conforto.
Tripulação e proteção
A tripulação será composta por três elementos: comandante, condutor e artilheiro. Discutiu-se muito se apenas dois tripulantes, artilheiro/comandante e o condutor seria suficiente, entretanto, impôs-se a percepção que a função de comando atrelada as tarefas de fogo resultaria em uma sobrecarga, que por sua vez implicaria na perda gradativa do entendimento situacional, prejudicando a atuação do veículo como arma. A separação das funções alivia a carga de trabalho, facilitando a acuidade e presteza da equipe em armas no tocante ao gerenciamento dos dados fornecidos pelos sistemas do veículo.
Os tripulantes devem contar com assentos anatômicos, amortecidos, projetados para assegurar conforto para longas jornadas e proteção contra impactos, causados por ondas de choque, telas multifuncionais e computadores para gestão dos sistemas embarcados. Estarão encerrados em uma capsula de titânio, cuja proteção se sobrepõe a natural blindagem de metal laminado, isolando os tripulantes do blindado para proporcionar maior possibilidade de sobrevivência caso o Carro de Combate seja perfurado quando alvejado. Percebe-se com clareza que a retirada dos tripulantes da torre resultou no maior conforto aos mesmos, dado que todo carro de combate é um lugar árido, apertado e perigoso, principalmente devido à presença do canhão e da rotação da torre.
A proteção do Carro de Combate, acredita-se, exibirá uma nova blindagem composta, de material laminado com polímeros especiais de excepcional resistência, blindagem especial no piso, deformável, para proteção contra IED(s), cobertura de placas de blindagem reativa “Relikit”, além do sistema ativo contra armas anti-carro ARENA. Isto, além da já mencionada banheira de titânio para os tripulantes.
Armamento
Não foi divulgado nada em especial sobre a arma principal do T-14 Armata. Portanto, toma-se que a arma escolhida seja o canhão 2A82 (2A82-1M) de alma lisa e calibre 125 mm (48 calibres de comprimento). Esta arma substitui a versão 2A46M, equipamento padrão do T-90, oferecendo precisão melhorada em 20% e a dispersão angular em 1,7 vezes. Empreende uma maior energia cinética à munição do que o seu equivalente alemão da Rheinmetall que equipa o Leopard 2A6. Esta arma também foi proposta para o amplamente modernizado T-90MS e proporciona ao veículo uma possibilidade de acerto em movimento ao efetuar o disparo extremamente elevada.
A alimentação do canhão será automática e comandada remotamente pelo artilheiro. O sistema de condicionamento da munição não foi especificado, mas caso seja mantido o carrossel no piso, especula-se que a torre será menor e com um perfil muito baixo. Caso a alimentação automática do canhão tenha uma concepção totalmente diversa da engenharia anteriormente adotada, ver-se-á uma torre em muito ampliada, onde nela será acondicionada a munição. Espera-se que o T-14 seja capaz de estocar internamente ao menos 32 rodadas, também é dado como certo que entre as opções de munição estejam as sabot 3BM46 e 3BM48, alem do míssil 9M119 Svir.
O armamento secundário, acredita-se, esteja a cargo de uma metralhadora PKT 7,62 mm, com função antipessoal e/ou de uma metralhadora NSVT com função anti-aérea e contra blindados leves e veículos sem blindagem, com 12.7 mm. Ambas controladas remotamente e com a munição concernente estocada na torre (2000 rodadas, ou mais). Um canhão de tiro rápido com calibre 30 mm também comporá o conjunto.
Grupo motriz, suspensão e sensores
Não houve divulgação explícita da escolha realizada no tocante a suspensão escolhida. Sabe-se que os projetistas da Uralvagonzavod possuem uma propensão pela tradicional e muito aprovada suspensão por barras de torção. Todavia, noticiou-se a intenção de o veículo proporcionar à tripulação ocupante extremo conforto em marcha, este proporcionado pela a suspensão, que se adaptaria com facilidade a qualquer variação do terreno, independente da velocidade empregada. Isto leva a se pensar numa “revolução” ocorrida em Nizhni Tagil em favor da escolha pela suspensão hidropneumática.
Veícula-se a opção por uma motorização situada entre 1.200 e 2.000 hp. Uma grande aposta seria a opção pelo motor Chelyabinsk A-85-3A, 1.500 hp, diesel, dotado de um sistema integrado de monitoração e diagnóstico de avarias.
Os sensores empregados devem por certo abranger o esperado aspecto passivo: periscópios, sensores termais, amplificadores de luz residual (visores noturnos) e Zoom óptico e eletrônico (dia e noite), bem como ativos, medidores laser e o inusitado radar. Apesar de já terem equipados veículos blindados, caso do afamado ZSU 23/4 “Shilka”, é inusual o seu emprego em Carros de Combate com função primária contra equivalentes e infantaria, dado que os veículos que dele fizeram uso tinha a função anti-aérea como missão. O radar especula-se, deverá operar na banda K (26,5-40 GHz) proporcionando acuidade ao fogo, bem como a varredura sistemática do campo de batalha.
O que esperar?
Até a apresentação oficial do T-14 Armata, não se poderá, por óbvio, afirmar com autoridade informação alguma que seja sobre o veículo, afinal, a fonte de maior confiabilidade sobre o mesmo, o construtor, não soltou nenhuma planilha com notas técnicas sobre o veículo. Por isso, dizer que o T-14 exibirá um peso total de 48 toneladas, que será capaz de perfazer 85 km/h em estrada, 65 km/h em terreno acidentado é deixar-se dominar pelo reino da fantasia. Tais números podem até ser mostrarem corretos, ou aproximados, mas dado que até as unidades já produzidas só são conhecidas por fotos amadoras e possuem lonas para cobrir a parte que suscita curiosidade, a torre automatizada, o melhor que se pode fazer é esperar pelo aguardado desfile militar da Praça Vermelha, no próximo dia 9 de Maio. Este ano a comemoração do dia da vitória sobre o nazismo trará sem sombra de dúvida a atenção do mundo, afinal, não é todo o dia que uma revolução no campo das armas militares desfila ao alcance dos seus olhos.
Portal Defesa
Realmente a tietagem está forte nesse caso. Eu mesmo estou muito curioso, principalmente para ver como será a distribuição dos três tripulantes na frente do MBT. Quanto a saber se o novo conceito “cola” é preciso esperar ainda algum tempo, principalmente porque já devem estar prontos os textos que tentarão invalidar o veículo ainda durante a parada. Abs