Comparecemos à Segunda reunião do CDS na FIERGS, agora em nova sala, já que o comparecimento começou a superar a capacidade das instalações anteriores. Nos parece ser uma medida acertada, pois a tendência é aumentar cada vez mais. A primeira novidade, ao invés do costume de o coordenador da reunião ser um membro do próprio COMDEFESA-FIERGS, agora foi nada menos que o Engenheiro Vitor J. P. Neves, “apenas” o Vice-Presidente de Operações da AEL! Isso tem um significado bastante importante, já que nos parece que o COMDEFESA dá um passo além, tentando – e com sucesso, dizemos com confiança – integrar tão diretamente quanto possível membros da BID, Forças Armadas e Comunidade Acadêmica entre si, com o mínimo de interferência. Não havíamos ainda notado mas o novo enfoque de reuniões bimestrais, entre vários aspectos, enfatiza a presença de uma das Forças no evento; no 1.º foi a FAB, neste foi o EB, no seguinte será a MB. Como sempre, claro, estaremos presentes.

As palestras foram desde o início muito interessantes; após a apresentação do Eng. Vitor, tomou a palavra a Dra. Flávia de Holanda Schmidt, que explicou detalhadamente o papel do IPEA em, por determinação do Governo Federal, fazer um verdadeiro “raio x” da BID no Brasil. Um dos muitos dados que nos foram disponibilizados é uma diferença entre a BID e as demais indústrias de nosso país: na primeira a média de trabalhadores de nível superior diretamente envolvidos nas atividades-fim chega a cerca de 30% do pessoal, enquanto que na segunda fica em uns 11%, aproximadamente. Pretendemos contatar a Dra. Flávia para nova e mais detalhada matéria sobre características atuais e futuras da nossa BID. Sabemos que ela responde a todos os questionamentos pertinentes.

Após, palestra do General Schneider e desde o princípio, instigante: no chamado PROFORÇA, que é o projeto que visa transformar o Exército como um todo, alguns aspectos nos deixaram realmente interessados, por pouco conhecidos. Por exemplo, tínhamos diante de nós um General do EME discorrendo não apenas sobre mudar a Doutrina mas também a própria mentalidade militar! Notar que não estamos discorrendo sobre pessoas falando por si mesmas mas em alguém que é designado para pensar a Força como um todo, junto com seus pares, e apresentar isso aos níveis hierárquicos mais elevados. Isso significará mudanças realmente radicais, como abandonar velhas tradições obsoletas? O rumo parece ter sido traçado: levar o EB de vez para o século XXI! E tem data: até 2022 unidades mais convencionais (old-style) irão conviver com as do novo padrão; a partir da data-limite, será apenas um EB e de primeiro mundo. É sonho? Talvez. Depende da continuidade do fluxo de recursos, como todos sabemos. Ainda tivemos a entrega do Plano Estratégico de Desenvolvimento de Santa Maria ao General pelo Superintendente Executivo da ADESM, Sr. Diogo de Gregori.

Logo a seguir, palestra do General Linhares que, com sua acessibilidade e bom humor (e colega do General Schneider no EME), nos mostrou várias novidades, como a mudança do IME (Instituto Militar de Engenharia) das suas instalações atuais na Praia Vermelha para a Barra de Guaratiba, pela simples razão de, onde está, não há como ampliar o IME ao nível necessário às aspirações do nosso Exército. Imagine o amigo leitor as implicações de algo assim. Outros detalhes – ainda mais interessantes para leitores aficcionados em temas de Defesa – ao final deste artigo. Acrescentou o General Linhares que, dos sete projetos-chave (Plano de Transformação ou, mais especificamente, PEE – Plano Estratégico do Exército) do EB, apenas três estão atualmente no PAC. Faltam quatro…

Ainda durante a palestra, na parte das perguntas, o Acadêmico de Tecnologia Aeronáutica da PUCRS chamado Alisson indagou – dirigindo-se ao Gen. Linhares – da razão pela qual Universidades Públicas são procuradas pelas Forças Armadas Brasileiras para projetos e desenvolvimentos conjuntos, enquanto as privadas (como a própria PUC) não. O jovem estudioso nos chamou a atenção por seu ímpeto e articulação no perguntar, demonstrando inclusive que sua Instituição já trabalha e desenvolve projetos para outras em países como Alemanha e EUA. Lhe foi respondido que é bastante complicado pela própria legislação vigente para Instituições Públicas (como o EB) um relacionamento mais direto com as que são privadas, mas vimos (e com satisfação) que ele passou a constar no “mapa de cérebros” do Exército, tanto que o próprio General Linhares admitiu que as Forças Armadas não sabem realmente de todo o potencial humano que nossa nação lhes oferece (alô IPEA).

OUTRAS NEWS

Finalizando, tivemos o prazer de conhecer pessoalmente o simpático e acessível novo CEO das Forjas Taurus SA, Sr. André Balbi Cerviño, que nos assegurou – finalmente! – o primeiro Test-Drive de arma nacional no Portal Defesa, com a SMT-9, recentemente adquirida pelo Exército! Agora é só questão de agendar a data.