Contrato do programa FX-2 é assinado

Published on: 27/10/2014

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Do Rio de Janeiro

Em um momento esperado a quase um ano, desde que o Programa FX-2 chegou ao seu fim em Dezembro passado, após 15 anos de atrasos, cancelamentos e retomadas do processo de compra de novos caças para a FAB, o contrato para a aquisição de 36 novos caças e de transferência de tecnologia por 10 anos foi finalmente assinado entre a Força Aérea Brasileira e a SAAB, em um valor de US$ 5.4 Bilhões.

O caça Gripen E/F, escolhido entre uma famosa short-list que envolvia também o F/A-18 E/F e o Dassault Rafale, é uma versão moderna do já bem conhecido caça Jas-39 Gripen C/D, operado pela Suécia, África do Sul, Hungria e República Tcheca.

Esta nova versão, ainda em desenvolvimento, agrega mudanças profundas não só de sistemas, como estruturais, com novas asas, novo trem de pouso principal, tanques de combustível e nova turbina.

Contará com sistemas como o IRST Skyward-G, radar AESA ES-05 Raven, modernos sistemas de autodefesa e capacidade de carga ampliada em relação a versão C/D, assim como novos armamentos integrados. (Confira aqui um infográfico sobre o novo caça)

Apesar desta nova versão já ter sido encomendada pela Força Aérea da Suécia para a operação de 60 aeronaves, um contrato com um parceiro internacional é de suma importância para a SAAB, uma vez que a Suíça se recusou a participar do projeto. Os custos do desenvolvimento e produção do Gripen E/F agora serão divididos.

O Brasil ficará também como investidor na versão biplace da aeronave, a versão F, já que a Suécia não se interessa pelo modelo alegando que os Gripen D que possui já cumprem a função de treinamento.

Porém o Brasil não almeja a versão biplace apenas para treinamento, e segue uma tendência mundial de dividir as operações de combate com versões de dois lugares a fim de dividir a carga de tarefas entre dois pilotos. O contrato prevê o recebimento de 8 aeronaves deste modelo a ser desenvolvido exclusivamente para o Brasil, e espera-se que com ampla participação da indústria nacional.

Outro aspecto deste contrato é a possibilidade de desenvolvimento da versão naval, o Sea Gripen, que até o momento não passa de um conceito em programas de computador e maquetes em estandes da SAAB.

Esta possibilidade existe uma vez que será necessária a aquisição de novas aeronaves para a Marinha do Brasil, e esta aquisição sempre teve a intenção de ser norteada pela decisão da FAB no programa FX-2.

Porém o Gripen E/F era o único concorrente da Short-list sem uma versão naval, e navalizar uma aeronave já existente não é uma tarefa fácil, e muito menos barata. Muitos se sentem receosos também quanto ao desempenho que uma aeronave com asa em delta pode vir a ter em operações navais, devido a velocidade crítica que este tipo de asa pode alcançar, muitas vezes bem distante do que uma asa convencional é capaz.

A Marinha do Brasil pode decidir por desenvolver a versão naval, ou por seguir um caminho diferente e adquirir um outro modelo.

Quanto ao contrato assinado neste momento pela FAB, ele se refere a 28 modelos E, monoplace, e 8 modelos F, biplace. As primeiras unidades do Gripen E/F devem chegar ao Brasil em 2019, tendo as 36 unidades entregues até 2024. O Ideal é que não pare por aí, que mais lotes do caça sejam adquiridos, tanto para fortalecer a indústria nacional que ,espera-se que esteja profundamente inserida no programa, como para fortalecer a FAB para que tenha uma frota de combate compatível com o tamanho do país e sua importância na região e no mundo.

Portal Defesa

4 Responses to Contrato do programa FX-2 é assinado

  1. Emerson Carnielli disse:

    A pergunta é, se com a difícil tarefa de adequar o Gripen para operações navais, somente tendo o Brasil como usuário, valeria a pena o investimento, sendo que os países detentores de porta aviões produzem seus próprios aparelhos, um Sea Gripen não teria compradores além do Brasil.

    Assim como o Brasil utiliza uma quantidade pequena de caças embarcados, 12 atualmente, além do fato de que a SAAB irá modernizar os A4 da marinha brasileira dando sobrevida até 2028, quando inclusive está prevista a baixa do Porta Aviões, São Paulo.

    Por isso não acredito em um esforço para um Sea Gripen, infelizmente.

  2. leonardojm disse:

    Muito obrigado pelo comentário elucidativo e pela contribuição ao site! Um forte abraço!

  3. Gilberto Rezende - RS disse:

    Leonardo só gostaria de acrescentar uma informação dobre a visão sueca sobre o Gripen F. Não é exatamente que a Flygvapnet não queira o Gripen F.

    No início de 2013, quando da confirmação oficial da aquisição inicial do Gripen pela Suécia (quando os 40 Gripen E suecos seriam obtidos a partir da conversão de células de Gripens C e seriam produzidos 20 aeronaves novas para a Suíça) foi paralelamente decidido que somente após a entrega da última aeronave Gripen E a Flygvapnet voltaria a discutir a necessidade ou não do Gripen F (a versão biplace do novo Gripen E).

    Depois desta DECISÃO sueca outros fatos sobrevieram:

    1) a vitória do Gripen NG no FX-2 em dezenbro de 2013;

    2) a queda da encomenda de 20 Gripen E no referendo Suíço em maio de 2014;

    3) a decisão sueca decorrente, após o referendo suíço, de manter operacional sua frota de Gripen C e cancelar a obtenção de seus novos Gripen E por conversão e encomendar 60 Gripen E por construção;

    4) Divulgação em Farnborough-2014 de previsão no mapa de desenvolvimento do programa Gripen de uma modernização dos Gripen D suecos para atender melhor a conversão de pilotos para os futuros Gripen E suecos denominada Gripen D+ (Plus);

    5) Assinatura do FX-2 em outubro de 2014 e o acerto do desenvolvimento pela SAAB/EMBRAER de versão Gripen F para o Brasil;

    Esta decisão de financiar e desenvolver o Gripen F no Brasil no processo FX-2 PODE impactar a decisão anterior da Flygvapnet ???

    É uma possibilidade que DEVERIA ser inquirida a qualquer autoridade militar sueca que ponha os pés no Brasil, mesmo como forma de provocar uma reflexão sueca. Se o Brasil já DECIDIU ter o Gripen F não seria MElHOR para a Flygvapnet REVER sua posição e se associar ao desenvolvimento do Gripen F-BR ?

    Como o Brasil TAMBÉM pretende financiar o desenvolvimento do Sea Gripen para a MB que tal a MB adotar somente a "NOSSA" versão o Gripen F por razões de escala e por razões militares de adotar uma política de uso permanente de WSO e futuramente de operador de UCAV em formação com caça tripulado ?

    Muitas perguntas e definições devem ser feitas para o FUTURO…

  4. Guilherme Medeiros disse:

    Aleluia!!! Acho que podemos dizer que… Habemus Caça!!! Queria saber se receberemos alguns "tampões" de degustação 🙂 nesse meio tempo "quantos e quando"?

    Saudações,

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