O que derrubou o voo MH17?

Published on: 17/07/2014

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Do Rio de Janeiro

Como noticiado em todos os meios de mídia por todo o dia de hoje, 17 de julho, o voo MH17 operado por um Boeing 777-200 da Malaysia Airlines, modelo idêntico ao que realizava o voo MH370 que desapareceu em março deste ano, foi de encontro ao solo na Ucrânia, na região de Hrabove, em Donetsk, no leste do país, área sob comando de forças separatistas.

Todas as 298 pessoas a bordo, entre passageiros e tripulantes, morreram. No momento em que o fato ganhou o mundo, logo surgiram rumores de que a aeronave havia sido abatida, e que não se tratava de um acidente.

Destroços do voo MH17 – Foto: Reuters


Mas abatida por quem? Por que arma e por qual motivo? Essas são as questões mais básicas levantadas, e tentaremos responder ao menos uma delas: qual a arma utilizada.

Mas para isso, devemos antes de tudo esclarecer o que está acontecendo na região, mesmo que de forma resumida, a fim de não apontarmos dedos. Não cabe a nós dizer quem fez o que, e por qual motivo, sem que tenhamos qualquer confirmação ou certeza. O que de fato até o momento ninguém tem, exceto quem apertou o “gatilho”, se foi mesmo este o caso.

O CONFLITO

Desde o final do ano passado a Ucrânia vive sob a tensão de conflitos armados espalhados pelo seu território. Começou com conflitos civis contra forças de segurança na capital Kiev, quando parte do povo ucraniano não aceitou a negativa do então governo em entrar na União Européia, e manter o país conectado de forma profunda a Rússia.

Os conflitos civis escalaram para uma violência tal, que forçou a queda do governo e a ascensão de uma nova cúpula, esta sim alinhada com a União Européia e, portanto, com os anseios de parte do povo.

Com isso o caos se instalou no país, na medida em que as regiões da Ucrânia que não desejavam esse distanciamento da Rússia passaram a tomar atitudes separatistas, enfrentando as forças federais e em muitos casos com apoio do governo russo. Foi assim com a Criméia, separada da Ucrânia em março por um referendo considerado legítimo pela Rússia, porém questionado até hoje por vários países.

A crise na Ucrânia culminou no cenário visto hoje, dia 17 de julho de 2014, quando regiões separatistas de posse de armamentos militares de diversos portes oriundos de unidades ucranianas tomadas pelos rebeldes entram em conflitos praticamente diários com forças federais da Ucrânia.

No cenário anti-aéreo, as armas utilizadas por ambos os lados são similares, inclusive pelo fato de utilizarem equipamentos de mesma origem: o arsenal de guerra do antigo governo da Ucrânia, derrubado no início do ano.

MÍSSEIS

Devido essa similaridade de arsenal, mísseis de curto alcance do modelo 9K38 Igla são vistos dos dois lados do conflito e já foram amplamente utilizados, inclusive no abate de um Ilyushin Il-76 no mês passado. Este míssil, porém, não é capaz de causar uma tragédia como a ocorrida hoje.

O Igla possui alcance máximo na ordem de 3.500 metros de altitude, ou seja, insuficiente para chegar a 33.000ft (10.000m), altitude em que voava o Boeing 777 da Malaysia Airlines, na rota UL980, a apenas 30km da fronteira com a Rússia.

Míssil IGLA sendo disparado – Foto: Internet


Vale ressaltar que acertar uma aeronave, por maior que seja um Boeing 777, a 10km de altitude voando a cerca de 900km/h, não é uma tarefa fácil. Portanto, o sistema utilizado dificilmente estaria em seu limite operacional, o que tornaria uma tarefa já difícil em algo quase impossível.

Apenas dois sistemas presentes no conflito poderiam realizar tal feito, o sistema S-300, ou o sistema BUK.

O sistema S-300 possui mísseis capazes de alcançar até 200km de distância a uma velocidade impressionante de 2.400m por segundo. Porém não existem baterias do sistema S-300 em poder dos separatistas da região de Donetsk, e as forças militares da Ucrânia não despacharam nenhuma bateria deste sistema para a região em questão.

BUK M-1

E aí está o eleito, o sistema BUK M-1, operado pelas forças militares da Ucrânia e de acordo com relatos do dia 29 de junho também sob o poder dos separatistas da região de Donetsk, após a tomada da unidade anti-aérea A1402.

Fontes afirmam que os separatistas já estavam operando o sistema nas redondezas, e que possuem pessoal qualificado para operar a arma. Outra informação importante dá conta de que o exército da Ucrânia despachou um batalhão que opera o sistema BUK para a região de Donetsk nesta quarta-feira, um dia antes do voo MH17 ser abatido.

Um dos veículos do sistema BUK M-1 que estaria sendo utilizado pelos separatistas de Donetsk – Foto: Internet


Portanto, a conta fecha com o sistema BUK M-1. Operado por ambas as partes, presente na região e com capacidade de realizar este complicado tiro.

Vamos ao detalhamento da arma:

O BUK M-1 consiste em um sistema anti-aéreo de médio alcance, autopropulsado e operado por quatro pessoas.

Pode engajar alvos de 1m² a partir de 3km de distância a até 42km dependendo do míssil utilizado. São dois modelos básicos de mísseis, o 9M38M1 e o 9M317, com capacidade de atingir alvos a 22 e 25km de altitude respectivamente. O que coloca o Boeing 777 dentro de seu envelope operacional com bastante folga.

O míssil, dependendo da versão, pode voar a Mach 3 ou Mach 4, chegando a um alvo no nível de voo FL330 em cerca de 40 segundos ou menos. Com um detonador de proximidade, e com todos os modelos possuindo uma cabeça de guerra (ogiva) de 70kg, com características de fragmentação, o míssil não precisa fazer contato com a aeronave, bastando explodir próximo para que os estilhaços derrubem o avião.

Mísseis do sistema BUK – Foto: Wikipédia


O Governo americano afirma que detectou no momento da queda do voo MH17 o acionamento de um radar de busca de algum sistema anti-aéreo no local e, em seguida, um outro equipamento confirmou a presença de uma fonte de calor compatível com o disparo de um míssil terra-ar (SAM). As imagens dos destroços também parecem indicar que a aeronave foi abatida, com partes da aeronave, malas, poltronas e até corpos particularmente intactos, enquanto outras partes estavam completamente destruídas. Um forte indício de uma explosão em altitude.

Independente de quem apertou o gatilho e liberou esta fera descrita a cima, esta ação não pode deixar de ser repudiada por todos. A morte de civis inocentes, crianças, adultos e idosos, sem qualquer motivo, é algo para ser lembrado sempre, a fim de que erros como este não sejam cometidos nunca mais. Isso presumindo que não foi intencional.

Portal Defesa

One Response to O que derrubou o voo MH17?

  1. Francoorp disse:

    Sim… pra ser o BUK tem que ser pessoal de uma unidade treinada, muito bem adrestrada e com experiência… rebelde de rua é pouco!

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