Do Rio de Janeiro
Forças militares do Senegal tomaram o controle neste sábado do navio pesqueiro russo Oleg Naydenov, enquanto este pescava na fronteira oceânica entre o Senegal e a Guiné-Bissau.
Segundo as primeiras informações, os militares subiram a bordo e foram direto a ponte de comando sem dar nenhuma explicação para a ação. Exigiram que o comandante da embarcação mudasse o rumo para ir de encontro ao navio Ferlo da Marinha do Senegal, porém o mesmo se recusou a obedecer.
Os militares então tomaram a força o comando do navio, ferindo o comandante e uma assistente que suspeita-se que esteja com um braço fraturado.
O navio chegou hoje, dia 5, ao porto de Dakar sob escolta da Marinha do Senegal, e está sendo guardado pela Polícia Militar. Todos os tripulantes, 62 russos e 23 da Guiné-Bissau, tiveram seus passaportes confiscados.
Nenhuma explicação oficial foi dada até o momento para tal apreensão. O Ministério de Relações Exteriores e a Agência Federal de Pesca da Rússia estão em contato com alguns dos tripulantes do navio, e estão tentando contato por canal diplomático com as autoridades Senegalês, mas até o momento não obtiveram sucesso.
UPDATE – Autoridades do Senegal esclareceram a ação militar que tomou controle do Navio Oleg Naydenov no último dia 4, afirmando que a embarcação estava realizando pesca ilegal em águas de nacionalidade mista devido um acordo de pesca entre o Senegal e a Guiné-Bissau.
Haidar El-Ali, Ministro da Pesca de Senegal, afirmou que o navio não possui nenhuma autorização para pesca na região, e que esta seria a segunda vez que ele é pego realizando esta atividade de forma ilegal.
Por conta da reincidência, o Senegal irá multar a empresa Feniks, dona da embarcação, em 610.000 euros, o dobro da multa estabelecida por lei no país para este tipo de infração. Além da multa, El-Ali ameaçou levar os responsáveis pelo navio à corte, uma vez que se recusaram a obedecer as ordens dos militares que subiram a bordo da embarcação.
A Rússia por sua vez tem uma versão diferente. Alexandr Savelyev, porta voz do Ministério da Pesca da Rússia, afirma que a ação foi um “ataque militar sem precedentes”, e nega que o navio estivesse realizando pesca na região.
“A rede de arrasto do navio nem estava na água, ele só estava se deslocando no mar”, disse Alexandr.
E afirma ainda que o navio não se encontrava em território Senegalês, mas em águas de Guiné-Bissau, afirmando inclusive que por conta desta ação militar o governo da Guiné-Bissau cancelou o acordo de pesca que mantinha com o Senegal.
A embaixada russa no Senegal já preparou um documento de repúdio pela ação, e o embaixador terá uma reunião com o presidente do Senegal na próxima terça-feira, dia 7.
Para Alexandr Savelyev, o motivo da ação é claro, “é tudo por dinheiro”.
O navio e sua tripulação permanecem detidos no porto de Dakar.
Portal Defesa