CTEx finaliza instalação para produção semi-industrial de fibras de carbono

Publicado em: 21/12/2013

Categoria: DESTAQUES

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Em novembro do corrente ano, O Centro Tecnológico do Exército concluiu a instalação do equipamento semi-industrial para a fiação de piches de petróleo, principal etapa do processo de produção de fibras de carbono, galgando mais um degrau no prosseguimento do projeto.

No dia 6 de dezembro, o Gen Bda Claudio Duarte de Moraes, Ch CTEx, e integrantes do Projeto Carbono receberam uma comitiva do Centro de Pesquisas Leopoldo Américo Miguez de Mello (CENPES), da PETROBRAS, com a finalidade de conhecer o novo equipamento. O grupo era composto pelo Sr. Oscar Chamberlain, Gerente Geral de P&D em Abastecimento; Sra. Raquel Coutinho, Gerente de P&D em Hidrorrefino e Processos Especiais; Sr. Antonio Carlos Pereira, Gerente de P&D em Tecnologia Petroquímica; pesquisadores e engenheiros da empresa.

Após uma demonstração de fiação no novo equipamento, a comitiva percorreu as instalações do Núcleo de Competência para o Desenvolvimento de Tecnologia de Carbono, resultado da bem-sucedida parceria entre CTEx, PETROBRAS e FAPEB, para conhecer as outras atividades de pesquisa do Núcleo e as áreas de produção de piches de petróleo, planta-piloto de grafites especiais e laboratórios de análise química e caracterização de materiais.

O aumento de escala na produção de fibras de carbono, possibilitado por este novo equipamento, comprova a viabilidade técnica da tecnologia desenvolvida no CTEx para a obtenção deste material e constitui o primeiro passo rumo à instalação de uma planta-piloto para uma produção em escala capaz de atender às demandas dos projetos de P&D do Sistema de Ciência e Tecnologia do Exército.

Essa pesquisa dá ao Brasil a possibilidade de ser o primeiro país do mundo a produzir comercialmente esse material, com aplicação na indústria automobilística. Os estudos foram realizados no Núcleo de Competência para o Desenvolvimento de Tecnologia de Carbono (NCDTC) do Centro Tecnológico do Exército (CTEx), em parceria com o Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes), da Petrobras. A fibra de carbono de piche de alta condutividade térmica e elétrica e alta resistência mecânica só é produzida comercialmente no Japão e nos EUA. No entanto, a matéria-prima utilizada por estes países são o piche de alcatrão ou o piche sintético (produzido a partir de substâncias químicas puras). No CTEx, o material foi desenvolvido a partir dos derivados do petróleo conhecidos como o “fundo do barril de petróleo”, a fração mais pesada e sem mercado significativo. Aplicada inicialmente nos carros da Fórmula- 1, a fibra de carbono só é usada atualmente em carros de alto luxo ou desempenho, já que o alto custo do material inviabiliza a sua utilização em larga escala. Porém, o material pode ser a solução para diminuir o peso dos carros, substituindo as peças de aço.

Essa redução contribuiria para o aumento da eficiência energética dos carros, atendendo a normas mais rígidas de controle de emissão de poluentes, uma tendência especialmente na Comunidade Europeia. As propriedades mecânicas das fibras de carbono que estão sendo desenvolvidas a partir de piche de petróleo no CTEx, com o apoio da Petrobras, excedem os requisitos da indústria automobilística. O custo do material ainda não pode ser avaliado com exatidão, já que a produção ainda está em escala semi-industrial. A estimativa, porém, é de que a fibra de carbono brasileira custe entre US$10 a US$15 por quilo, valor que se enquadra nos parâmetros de viabilidade econômica da indústria automobilística. Hoje, a fibra negociada internacionalmente custa entre US$ 50 e mais de US$ 1000 por quilo, dependendo do tipo e especificação.

Quando se fala de materiais de carbono, fora da nanotecnologia, as principais fontes de carbono são as minas de grafite natural, o alcatrão, que é o resíduo produzido nas coquerias da indústria siderúrgica, e o petróleo. Dentre esses, o petróleo é a maior fonte a ser considerada.O Brasil é rico em grafites naturais, que possuem qualidades distintas dentro das minas, mas os melhores são encontrados em proporção muito pequena. O alcatrão tem sido desconsiderado como fonte importante no mundo devido à sua alta toxicidade. Quanto ao petróleo, além de ser abundante, a parte pesada não tem nenhuma aplicação nobre atualmente.

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