Turbulências no desenvolvimento do KC-46

Publicado em: 27/03/2016

Categoria: DESTAQUES

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Um projeto que já nasceu envolvido em polêmica, o Boeing KC-46 Pegasus, novo reabastecedor da Força Aérea Americana, agora é alvo de declarações e rumores quanto ao possível atraso na entrega do primeiro lote.

O projeto deve sua existência a uma concorrência polêmica que teve início em 2006, foi cancelada após o Airbus A330 MRTT ser escolhido, e ressurgiu em 2009 dando a vitória para a Boeing e sua proposta de um 767 especializado.

Desde então a Boeing vem encontrando dificuldades no desenvolvimento da aeronave. Dificuldades essas que já a fizeram perder o prazo de alguns pontos chave do projeto, como o primeiro voo, por exemplo, que ocorreu em Setembro de 2015, seis meses após o prazo estabelecido.

Agora, com dois protótipos já em voo e com cada vez menos detalhes técnicos com potencial para promover atrasos de maior vulto, a preocupação é com o próximo grande ponto chave do projeto: A entrega do primeiro lote.

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Foto: Boeing

Foi estabelecido na assinatura do contrato que um lote inicial de 18 aeronaves seria entregue à USAF em Agosto de 2017, prazo esse que neste momento parece muito improvável que se concretize.

Segundo nota oficial da Agência de Gerenciamento de Contratos de Defesa do Governo Americano, o Pentágono tem “pouca confiança na habilidade da Boeing” em entregar o primeiro lote como acordado.  Com base nisso, é esperado que em Junho deste ano o governo revise a data da entrega para Março de 2018, daqui a dois anos, e sete meses após a data inicialmente prevista.

Além do atraso iminente, os custos do projeto também já deixaram de seguir o contrato original. Com um investimento previsto de US$ 4.8 Bilhões só no desenvolvimento, até o momento o KC-46 está custando ao governo cerca de US$ 5.59 Bilhões, ou seja, estourado em US$ 766 milhões.

O que já seria péssimo se o projeto, como um todo, já não tivesse atingido a marca dos quase US$ 6.39 Bilhões, contando com US$ 800 Milhões que a Boeing investiu do próprio bolso no que ela denominou como “custos de engenharia e construção maiores do que o esperado”. Custos aparentemente subestimados pela maior fabricante de aeronaves do mundo.

Neste momento é notável o efeito que a pressão do governo para que os atrasos cessem tem surtido na Boeing. No início deste mês, devido a falta de espaço em um dos hangares da empresa em Paine Field, norte de Seattle, um dos KC-46 em construção teve que ser levado para fora, a fim de que dois 787’s pudessem ser finalizados. Mesmo fora do hangar e sem toda a infraestrutura que o mesmo oferece, os trabalhos no KC-46 em construção não pararam, e várias escadas e plataformas foram montadas ao seu redor para que não se perdesse tempo.

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Foto: Steve Wilhelm

Concomitantemente a construção das novas aeronaves, os primeiros dois protótipos já prontos têm voado com bastante frequência, realizando testes dos mais variados. O primeiro reabastecimento em voo foi realizado em Janeiro deste ano, em um F-16 obviamente utilizando o sistema de Flying Boom (lança). Em Fevereiro foi a vez de um F/A-18 Hornet, utilizando a cesta de reabastecimento. E no início deste mês (Março), um AV-8B Harrier II foi reabastecido com sucesso, também utilizando a cesta.

O KC-46 terá a capacidade de utilizar os dois sistemas sem qualquer adaptação em solo. A lança fica na cauda, enquanto as cestas se localizam uma em cada asa, e uma terceira no ventre da aeronave. A lança tem capacidade de transferir cerca de 1.200 galões de combustível por minuto, enquanto a cesta transfere cerca de 400 galões por minuto.

Espera-se que a empresa se esforce para minimizar o atraso, e que consiga entregar os primeiros 18 KC-46 Pegasus não muito depois de Agosto de 2017, o prazo inicial, e que com isso o projeto do novo reabastecedor rume ao sucesso. Afinal, a intenção do governo americano é adquirir 179 dessas aeronaves.

Portal Defesa

 

One Response to Turbulências no desenvolvimento do KC-46

  1. Ricardo Godinho disse:

    Uai, e eu pensando que contratantes com o Governo só “errassem” os custos e atrasassem entregas no Brasil!
    Depois de um mega descaramento em cancelar uma concorrência vencida por uma empresa estrangeira, de aliados na OTAN, entregam o projeto para uma nacional que ainda apresenta essa montanha de atrasos! E aqui os imbecis de sempre pregando a desnacionalização total da Defesa, enquanto o Tio Sam até olha para o outro lado enquanto seus fornecedores nacionais metem as duas mãos nos seus bolsos fundos…

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