Gripen NG brasileiro encontra leve turbulência

Publicado em: 14/03/2015

Categoria: DESTAQUES

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O desenvolvimento do vencedor do programa da Força Aérea Brasileira para a compra de novos caças, o FX-2, programa esse que se somado a primeira versão, FX, chegou a adolescência até ser definido no final de 2013, segue dentro do planejado, mas agora em um céu um pouco turbulento.

O primeiro protótipo da versão E/NG do caça já está sendo montado na fábrica da SAAB em Linköping, Suécia. A SAAB anunciou na última quinta que duas seções da fuselagem foram unidas, e que o encaixe foi perfeito, denotando a confiabilidade do projeto inteiramente desenhado digitalmente.

O desenvolvimento da versão brasileira também está dentro do planejado segundo Ulf Nilsson, alto executivo da SAAB AB. O financiamento para o projeto está em dia, e as definições de equipamentos da versão brasileira estão ocorrendo como esperadas.

Tanto que Nilsson espera que até o final de 2015 todos os detalhes estejam acertados, e que cerca de 100 engenheiros brasileiros chegarão a Suécia para treinamento e se envolverem no desenvolvimento da estrutura da aeronave, além do desenvolvimento da versão biplace que até então será feita apenas para o Brasil.

Porém o céu de brigadeiro pelo qual o Gripen NG voa está ficando um pouco para trás. Foi anunciada esta semana uma investigação por parte do Ministério Público Federal da compra dos 36 caças, pelo fato do valor final ter ficado US$ 900 milhões acima do planejado.

A iniciativa partiu de um procurador, que ao estudar a compra solicitou a apuração de “possíveis irregularidades”. O MPF informou que no momento a investigação está na fase inicial, sendo coordenada pela procuradora Eliane Pires Rocha, e compreende a análise documental e pedido de informações. Só depois, dependendo do que for constatado, é que um inquérito será ou não aberto.

O valor final do contrato ficou em US$ 5.4 Bilhões, o que representa a compra de 36 aeronaves, personalização do caça, transferência de tecnologia, manutenção, suporte logístico e armamento. Este valor é compatível com a média do mercado internacional ao ser levado em consideração todo o “pacote”, já que não se trata de uma compra direta, chamada de “compra de prateleira”, e sim a aquisição de um projeto com participação em parte do desenvolvimento.

Estima-se que 10 ou 15 aeronaves serão montadas no Brasil, na EMBRAER, e vários engenheiros serão capacitados em diferentes pontos críticos do desenvolvimento de um caça moderno.

O contrato do programa FX2, como todo contrato de grande monta assinado pelo Governo, será pago aos poucos, dividido por alguns anos. Porém isso não isenta o contrato da flutuação cambial, principalmente neste momento em que o Dólar Comercial atinge o valor de R$3,24 (13/03).

A influência da flutuação cambial se dá no momento do pagamento, portando é incorreto “corrigir” o valor de acordo com a atual cotação e afirmar, por exemplo, que no momento o contrato do FX-2 está no valor de RS 17.496 Bilhões. Mas a situação econômica do país não está em céu de brigadeiro também, com grandes cortes previstos no setor de defesa este ano e o prognóstico para os próximos anos também não é bom.

Esses fatores representam uma turbulência no programa, sem dúvida. Mas como sabemos, turbulência não derruba avião. O jeito é apertar os cintos e torcer para que essas nuvens passem logo.

Portal Defesa

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5 Responses to Gripen NG brasileiro encontra leve turbulência

  1. Existem certos eventos de aquisição militar,que não deveriam passar por crivos de burocratas… essas pessoas não tem a mínima idéia do valor de armamentos para um país como o nosso. É para evidenciar-se entre seus pares ficam fuçando documentos nos quais achem qualquer vírgula fora do lugar que os faça “aparecer”….lamentável…

  2. O que há demais? A FAB não encomendou uns “extras”, como o “telão de JSF” e o biplace que nem os Suecos vão querer? Claro que isso aumenta o preço.

  3. Ricardo F Godinho disse:

    Esse povo do MPF está ficando doido?
    O que eles pensam? Que licitação para comprar uma tecnologia de Defesa – não se está comprando um aviãozinho ali na esquina – é a mesmíssima coisa que para comprar lápis e canetas? Até para comprar uma bota militar as considerações não podem ser só de natureza econômico-financeiras, quanto mais para se adquirir uma aeronave de combate, com transferência de tecnologia e tudo o mais envolvido.
    Daqui a pouco vai aparecer um gaiato desses questionando o programa de submarinos nucleares, com aquele argumento imbecil de que o Brasil não tem inimigos…

  4. Há várias turbulências criadas pela Saab, que afetam o lado brasileiro :
    – antes seriam quase todos os 36 (fora uns 6, por aí) que seriam fabricados no Brasil, depois diminuiu para 15 em 2014, agora é “talvez entre 10-15” :
    http://www.flightglobal.com/news/articles/saab-upbeat-over-gripen-e-prospects-beyond-brazil-410110/
    “maybe 10 to 15” of Brazil’s 36 aircraft will undergo final assembly at Embraer”
    – Gripen C(/D) continuará a ser desenvolvido e fabricado, em paralelo com Gripen E(/F) :
    http://www.svd.se/naringsliv/saabs-flygchef-byter-gripenstrategi_4368635.svd
    Isso com certeza canibalizará as vendas de Gripen E/F (cuja produção terá participação brasileira) no mercado internacional;
    – Gripen E 39-8 (1o protótipo) teve 1o voo adiado de 2o semestre de 2015 para 2016 (sem citar exatamente quando), bem como 1o Gripen E de produção que seria entregue em meados de 2018 para a Suécia, agora só em 2019, ou seja, o programa Gripen NG ganhou 6-12 meses de atraso :
    http://saab-seminar.creo.se/150312/saabs_annual_gripen_seminar_2015

  5. O protótipo que vem sendo montado corresponde ao Gripen E-SW variante destinada a Flygvapnet.
    Como o Gripen E-BR terá significativas diferenças (começando por sua aviônica e tela WAD única) e com alto grau de certeza sofrerá incidências semelhantes ao projeto AMX onde impedimentos vários de uso de sistemas e componentes de origem americana/européia diferenciaram a variante Brasileira da variante Italiana do AMX.

    O “NOSSO” protótipo do Gripen E talvez em final de 2017/início de 2018…

    As “turbulências” estão só começando…

    A pior TURBULÊNCIA a vencer ainda é mesmo o TCU, que analisará o acréscimo de preço final do contrato F-X2 para custear o desenvolvimento nacional (via Embraer) da variante Gripen F que a SAAB, licitante vencedora, não tem para fornecer as oito aeronaves requeridas pelo objeto do certame….

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